Eleições 2024: Desinformação, redes sociais e crime organizado - O futuro político do Brasil em risco?
As eleições municipais de 2024 no Brasil, além de decidirem vencedores e perdedores locais, trouxeram à tona aspectos preocupantes que devem ser considerados nas próximas eleições, especialmente em 2026. Entre os principais fatores, destacam-se a potencialização da desinformação, o aumento de ataques à imprensa, a influência do crime organizado e o papel das redes sociais no comportamento dos candidatos. A seguir, estão os tópicos principais e suas importâncias.
Ecossistema de desinformação
- Definição e estrutura: A desinformação no Brasil é um sistema complexo de produção e disseminação de conteúdos intencionalmente falsos, com objetivo de manipulação política.
- Recursos e impactos: Esse ecossistema conta com robusto financiamento e uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial. A pesquisa do International Institute for Democracy Electoral Assistance (IDEA) aponta que o Brasil é um dos países mais afetados pela desinformação, superado apenas pela Índia.
- Narrativas reutilizadas: As narrativas falseadas, já exploradas nas eleições de 2022, voltaram em 2024, reforçando vínculos ideológicos e intensificando o apelo a temas religiosos e acusações falsas, como o chamado “kit gay” usado anteriormente.
Crescimento de ataques à imprensa
- Aumento no período eleitoral: Dados da Coalizão em Defesa do Jornalismo (CDJor) registraram mais de 44 mil ataques online contra jornalistas entre agosto e outubro de 2024.
- Intensificação digital: A violência verbal contra a imprensa tornou-se um mecanismo para desacreditar veículos de informação e criar uma "quebra de mediação", onde o público questiona a legitimidade da mídia como fonte confiável.
- Exemplo notável: A declaração infundada do governador de São Paulo sobre suposta interferência do PCC nas eleições exemplifica como notícias falsas são disseminadas sem questionamento.
Redes sociais e atuação dos candidatos
- Monitoramento e tendências: Observações do Observatório das Eleições mostraram o uso crescente das redes sociais por candidatos, com uma preferência pelo WhatsApp em cidades menores e pelo Instagram e Facebook em localidades maiores.
- Diferenças ideológicas: Dados mostram que 57,2% dos candidatos de direita usaram redes sociais ativamente, enquanto essa taxa foi de 22,5% entre candidatos de centro e 20,4% entre os de esquerda.
- Símbolos e sinais políticos: Em um fenômeno polêmico, vários candidatos escolheram os números 801 e 81 para simbolizar apoio aos atos de 8 de janeiro de 2023, destacando uma memória simbólica controversa sobre eventos antidemocráticos.
Influência do crime organizado
- Relatório da OEA: A Missão de Observação Eleitoral da OEA relatou preocupações sobre a crescente atuação do crime organizado no contexto eleitoral brasileiro.
- Impactos regionais: Grupos criminosos impõem restrições de mobilidade em áreas sob seu controle, coibindo eleitores e limitando candidaturas adversárias.
- Financiamento ilícito: O tráfico de drogas e outras atividades ilícitas têm financiado campanhas, sugerindo uma perigosa infiltração do crime organizado nas esferas de poder político local.
As eleições de 2024 no Brasil foram um forte indicador das dificuldades políticas e institucionais enfrentadas pelo país. O aumento do ecossistema de desinformação, o recrudescimento de ataques a jornalistas, a expansão do crime organizado e o papel amplificado das redes sociais expõem desafios estruturais que podem comprometer a integridade eleitoral e democrática do país. A antecipação desses problemas é essencial para garantir uma eleição de 2026 mais segura e informada, que priorize uma transparência efetiva e proteja a democracia.