Hospitais psiquiátricos na China: Ferramentas de repressão política
A China tem enfrentado críticas globais pelo uso de hospitais psiquiátricos como meios para silenciar dissidentes políticos e controlar a população. Reportagens recentes, como da BBC, denunciam internações forçadas de cidadãos que manifestam opiniões contrárias ao governo, mascaradas como tratamentos médicos. Esses casos revelam graves violações de direitos humanos, reforçando a relação entre saúde mental e repressão estatal.
Psiquiatria como arma de repressão
Desde os anos 1980, há relatos do uso de instituições psiquiátricas na China para punir opositores políticos. Mesmo com a Lei de Saúde Mental de 2013, que deveria proteger os cidadãos contra internações arbitrárias, a prática persiste.
Exemplo da China:
- Zhang Junjie, que protestou contra os lockdowns, foi diagnosticado com esquizofrenia e forçado a receber medicamentos e tratamentos invasivos.
- Jie Lijian, ativista trabalhista, sofreu eletroconvulsoterapia sem anestesia, uma prática dolorosa que demonstra desrespeito à autonomia do paciente.
Exemplo de outros países:
- União Soviética (Rússia): Durante o regime comunista, dissidentes eram frequentemente internados sob diagnósticos falsos de doenças mentais como "esquizofrenia lenta", criada para justificar a repressão.
- Brasil (período militar): Sob a ditadura, hospitais psiquiátricos também foram usados para silenciar ativistas e opositores. Embora sem o mesmo nível de sistematização, há registros de internações abusivas com fins políticos.
Diagnósticos politizados
Os diagnósticos psiquiátricos são manipulados para justificar internações forçadas:
- Médicos e hospitais são frequentemente pressionados pela polícia a cooperar, criando laudos que transformam críticas ao governo em "transtornos mentais".
- Exemplo: Após receber alta, muitos pacientes são obrigados a tomar medicamentos como o antipsicótico Aripiprazol, sob vigilância constante.
Paralelos globais:
- Cuba: Dissidentes políticos foram hospitalizados e tratados com medicamentos psiquiátricos como forma de punição e controle.
- Estados Unidos: Durante os anos 1950, instituições psiquiátricas foram utilizadas para marginalizar minorias e opositores de políticas governamentais, como membros do movimento pelos direitos civis.
Legislação frágil e impunidade
Mesmo com leis que exigem consentimento para tratamentos psiquiátricos, brechas legais permitem abusos. Entre 2013 e 2024:
- Casos na China: Das 112 pessoas que processaram autoridades por internações injustas, apenas duas venceram.
- A ausência de fiscalização efetiva faz com que o sistema legal atue mais como ferramenta de repressão do que de proteção.
Comparação com o Brasil:
No Brasil, a Lei 10.216/2001 protege pacientes psiquiátricos, exigindo laudos médicos para internações compulsórias. Apesar disso, casos de abuso ainda ocorrem, geralmente envolvendo pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Consequências para as vítimas
As internações forçadas deixam marcas profundas:
- Traumas psicológicos: Vítimas enfrentam danos emocionais e físicos, muitas vezes irreversíveis.
- Estigmatização: Pessoas rotuladas como "doentes mentais" enfrentam rejeição social e dificuldades para retomar suas vidas.
- Exílio como única solução: Zhang Junjie, por exemplo, fugiu para a Nova Zelândia em busca de segurança.
A liberdade sob ataque
A repressão disfarçada de cuidado médico é uma estratégia que vai além da China.
- Controle da narrativa: Governos autoritários censuram informações e detêm jornalistas para evitar a exposição dos abusos.
- Direitos Humanos em alerta: Organizações internacionais, como a Anistia Internacional, denunciam práticas similares em diversos países e exigem maior transparência.
"Quando permitimos que governos radicais tomem o poder, estamos abrindo espaço para que o abuso e a manipulação se tornem parte do nosso cotidiano. Nenhum de nós está imune a essa crueldade. A história nos ensina que, quando fechamos os olhos para esses sinais, qualquer um pode se tornar vítima do poder descontrolado. Precisamos estar plenamente cientes do poder que entregamos a quem nos representa, pois a nossa liberdade e o nosso futuro dependem dessas escolhas."
O uso de hospitais psiquiátricos como instrumentos de repressão política, embora associado principalmente à China, não é um fenômeno isolado. Regimes autoritários ao longo da história, incluindo a União Soviética e Cuba, abusaram do sistema de saúde mental para silenciar dissidentes. Essa prática não apenas viola direitos humanos fundamentais, mas também transforma o cuidado médico em uma ferramenta de controle e opressão política. É essencial que a comunidade internacional atue com urgência para evitar que a saúde mental continue sendo utilizada como pretexto para a repressão, protegendo as liberdades individuais em todo o mundo.