Queda na popularidade de Lula no Nordeste: O que está por trás da mudança e possíveis consequências
A popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva caiu em janeiro de 2025, gerando preocupação no governo e no Partido dos Trabalhadores (PT). O principal alerta vem da perda de apoio no Nordeste, região que historicamente sempre garantiu vitórias expressivas para Lula. Mas o que está por trás dessa mudança?
Vamos analisar os principais fatores que explicam essa queda de popularidade.
O Nordeste e a importância eleitoral para Lula
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O Nordeste sempre foi um dos pilares eleitorais do PT. Em 2022, Lula venceu Jair Bolsonaro na região com 69,3% dos votos válidos, o que foi decisivo para garantir sua vitória nacional. No entanto, segundo uma pesquisa do instituto Quaest, a aprovação do presidente caiu de 67% para 60% entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025.
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A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), já alertou que esse apoio não pode ser considerado garantido para 2026. Essa mudança na percepção do eleitorado pode ter impactos importantes nas eleições municipais de 2024 e, futuramente, na disputa presidencial.
Principais motivos para a queda da popularidade
A insatisfação com o governo tem diversas razões, mas algumas se destacam.
1. Aumento dos preços e perda de poder de compra
- O custo de vida aumentou, especialmente no preço dos alimentos.
- Famílias de baixa renda, que antes viam Lula como um presidente capaz de melhorar suas condições, agora sentem dificuldades para manter o padrão de consumo.
- Esse descontentamento cresce conforme os meses passam sem melhorias concretas.
2. Desemprego e dificuldades para pequenos trabalhadores
- O Nordeste tem a maior taxa de desemprego do país: 8,7% no terceiro trimestre de 2024, enquanto a média nacional está em 6,4% (dados do IBGE).
- Muitos trabalhadores informais, pequenos comerciantes e autônomos dizem que o governo não apresentou medidas eficazes para ajudá-los.
- A falta de políticas públicas voltadas para esse grupo gera desconfiança e críticas ao governo.
3. Taxação de importados e impacto nas compras online
- O governo passou a fiscalizar e tributar compras de sites internacionais como AliExpress, Shein e Shopee, medida que ficou conhecida como "taxa das blusinhas".
- Pequenos revendedores que compravam produtos baratos para revender foram afetados diretamente.
- A reação foi negativa, com consumidores reclamando do aumento dos preços e da perda de uma opção acessível para comprar roupas e eletrônicos.
4. Polêmica do Pix e medo de mais taxação
- O governo anunciou um maior monitoramento das transações via Pix, o que gerou receio entre autônomos e pequenos comerciantes.
- Rapidamente, começaram a circular boatos sobre uma possível "taxação do Pix", o que fez com que muitos vissem a medida como uma ameaça à sua renda.
- O governo negou a intenção de taxar, mas a polêmica já havia se espalhado e reforçado a desconfiança entre parte da população.
5. Frustração com a diferença entre os governos anteriores e o atual
- Muitos eleitores lembram dos primeiros governos de Lula como um período de crescimento econômico e distribuição de renda.
- No entanto, os desafios atuais, como a disputa política com o Congresso e um cenário econômico mais difícil, tornaram a gestão menos eficaz na percepção popular.
- A expectativa criada em 2022 não está sendo atendida, e isso gera decepção entre seus apoiadores históricos.
Impactos políticos e possíveis consequências
A queda na popularidade de Lula no Nordeste já está sendo analisada pelo PT e por cientistas políticos. O ex-ministro José Dirceu chegou a chamar essa perda de apoio de um “tombo histórico”.
Os principais impactos que essa mudança pode ter são:
- Nas eleições municipais de 2024: Se o PT perder força no Nordeste, poderá enfrentar dificuldades para eleger prefeitos e vereadores na região.
- Na disputa presidencial de 2026: Se Lula ou seu candidato não conseguirem recuperar o apoio do Nordeste, a reeleição ficará mais difícil.
- No Congresso Nacional: A oposição pode ganhar mais espaço e dificultar ainda mais a aprovação de projetos importantes para o governo.
Como o governo pode reagir?
Diante desse cenário, o governo e o PT já discutem estratégias para tentar recuperar o apoio popular no Nordeste. Algumas possíveis medidas incluem:
- Acelerar investimentos em programas sociais e obras de infraestrutura para gerar empregos e melhorar a economia local.
- Criar incentivos para pequenos empreendedores e trabalhadores informais.
- Melhorar a comunicação do governo para evitar que informações distorcidas, como a suposta "taxação do Pix", prejudiquem sua imagem.
A perda de apoio de Lula no Nordeste reflete a insatisfação popular com a economia, os impostos e a percepção de que o governo não está atendendo às expectativas.
Se o governo não agir rapidamente para recuperar a confiança da população, essa tendência pode se consolidar e afetar as próximas eleições. O grande desafio de Lula será mostrar resultados concretos que convençam seus eleitores de que ainda vale a pena confiar em sua liderança.