Desigualdades em saúde: O impacto da judicialização nos tratamentos médicos para câncer e outras doenças no Brasil
A judicialização da saúde é um fenômeno crescente no Brasil, com impacto significativo nas finanças públicas e no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Este resumo aborda os desafios e consequências da judicialização, destacando as principais causas e possíveis soluções.
Importância e Relevância
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Crescimento da Judicialização: Entre 2022 e 2023, houve um aumento de 21,3% no número de ações judiciais relacionadas à saúde, com uma projeção de 685 mil novas ações até dezembro de 2024 .
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Impacto Financeiro: Em 2020, judicializações consumiram de 30% a 100% do orçamento da saúde em mais de 250 cidades brasileiras, drenando recursos essenciais para o SUS .
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Motivações das Ações: A maioria das ações é motivada pela necessidade de acesso a tratamentos incorporados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ou aprovados pela Anvisa, mas ainda não disponíveis no SUS .
Distribuição do Impacto da Judicialização
0% - 10% do Orçamento da Saúde Drenado:
- Número de Municípios: Aproximadamente
2,785
- % dos Municípios:
50%
10% - 30% do Orçamento da Saúde Drenado:
- Número de Municípios:
613
- % dos Municípios:
11%
30% - 100% do Orçamento da Saúde Drenado:
- Número de Municípios:
270
- % dos Municípios:
5%
Ações Judiciais por Tipo de Câncer
Câncer de Bexiga
- % de Ações:
71.3%
- Principais Medicamentos: Pembrolizumabe, Avelumabe
- Custo Anual Médio
(R$): 312 mil - 719 mil
Câncer de Próstata
- % de Ações:
89%
- Principais Medicamentos: Antiandrógenos Orais
- Custo Anual Médio
(R$): -
Causas da Judicialização
- Disponibilidade de Medicamentos: Atrasos na disponibilização de medicamentos já incorporados pela Conitec.
- Custos Elevados: Medicamentos de alto custo, como Pembrolizumabe e Avelumabe, são frequentemente objeto de ações judiciais devido ao seu preço elevado.
- Desigualdade no Tratamento: Estudos indicam que tratamentos para câncer de pulmão no SUS estão defasados em 10 anos comparados ao setor privado .
Medidas Positivas e Soluções
- Adaptação de Protocolos: Ajustar protocolos de tratamento às realidades regionais, como feito pelo Instituto Cabem Mais Vidas, pode aumentar a eficiência do tratamento e reduzir a judicialização.
- NatJus: Núcleos de Apoio Técnico do Judiciário (NatJus) auxiliam juízes com pareceres técnicos rápidos sobre demandas de saúde, ajudando na tomada de decisões informadas .
- Participação Social: Envolver a sociedade e gestores em todos os níveis do SUS na criação de soluções compartilhadas para melhorar o acesso e a eficiência dos tratamentos .
A judicialização da saúde no Brasil é um problema complexo que exige uma abordagem multifacetada para ser resolvido. A adaptação de protocolos, a criação de estruturas como o NatJus e a maior participação da sociedade são passos importantes para melhorar o acesso aos tratamentos e reduzir a necessidade de judicialização. É essencial que gestores, profissionais de saúde e a sociedade organizada trabalhem juntos para desburocratizar processos e garantir que os avanços científicos cheguem a todos os pacientes de forma equitativa.