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domingo, 3 de novembro de 2024 às 10:17 GMT+0

Identificando sinais precoce de Autismo: O poder dos padrões de conversa

A maneira como as crianças se comunicam pode revelar muito sobre seu desenvolvimento. Em um estudo recente, Vittorio Tantucci e colegas exploraram como os padrões de fala e o modo de imitar as palavras dos pais podem indicar traços precoces do autismo. Eles descobriram que certas diferenças na comunicação, especialmente em relação à ressonância – a capacidade de repetir criativamente o que o outro diz – podem ser um sinal importante no desenvolvimento de crianças autistas.

O que é a ressonância na comunicação?

  • Imagine uma conversa em que uma pessoa pergunta: “Você teve um bom fim de semana?”. A outra pessoa poderia simplesmente responder “sim” ou, em um envolvimento mais profundo, responder algo como: “Tive um fim de semana muito interessante! Fui a Paris”. Nesse segundo caso, a pessoa não só responde, mas ressoa as palavras do outro, mantendo o tema e acrescentando informações.

  • A ressonância é um comportamento comum em conversas entre pessoas neurotípicas. Ela demonstra que há um engajamento na conversa, como uma confirmação sutil de que o que foi dito pelo outro é compreendido e valorizado. As crianças neurotípicas começam a desenvolver essa habilidade cedo, repetindo e adaptando palavras e gestos dos adultos à sua maneira. Esse processo não é apenas aprendizado de linguagem; é também uma forma de conexão social.

Como as crianças autistas se comunicam de forma diferente?

  • Para crianças autistas, a comunicação é diferente. Elas podem ter um menor contato visual, focar em detalhes específicos do que é dito, e interpretar as palavras de forma mais literal. No estudo, que analisou crianças falantes de mandarim entre três e cinco anos, os pesquisadores notaram que as crianças autistas demonstravam ressonância com muito menos frequência. Ao serem expostas a frases dos pais, elas raramente repetiam ou adaptavam criativamente as palavras como as crianças neurotípicas faziam.

  • Um exemplo ilustrativo é quando uma mãe abre um livro e comenta: “A raposa estava tão assustada que saiu correndo”. Uma criança neurotípica poderia responder algo como: “Ela estava muito assustada e saiu correndo rapidinho”, mantendo a essência da frase da mãe, mas acrescentando sua própria versão. Em contraste, uma criança autista poderia simplesmente repetir as palavras de forma direta ou se concentrar em uma única parte da frase, como “a raposa estava assustada”, sem a mesma adaptação criativa.

Por que essas diferenças importam?

  • Essas características no padrão de fala são indicativos importantes para o diagnóstico precoce do autismo. Como crianças autistas tendem a repetir menos as palavras dos outros de maneira criativa e, muitas vezes, mantêm uma resposta mais objetiva e direta, essas diferenças de comunicação podem servir como um sinal precoce de alerta. Essa descoberta traz uma nova perspectiva para pais e profissionais da saúde, pois entender esses padrões pode ajudar na identificação e na oferta de suporte adequado para o desenvolvimento da criança.

  • Além disso, essa pesquisa ressalta que as dificuldades comunicativas observadas em crianças autistas não significam que elas não são criativas. Muitas vezes, sua criatividade pode se expressar em atividades realizadas de forma individual, mas a improvisação e a adaptação em conversas podem ser mais desafiadoras. Esse conhecimento pode ser valioso para pais e educadores ao interagirem com crianças no espectro autista, promovendo ambientes de comunicação que respeitem o ritmo e estilo único de cada criança.

Entender as nuances da fala e do comportamento comunicativo das crianças autistas pode transformar a maneira como os adultos se relacionam com elas. Ao observar a menor frequência de ressonância e a tendência de respostas mais literais, é possível identificar sinais de autismo de maneira precoce e oferecer suporte necessário ao desenvolvimento da criança. Esse tipo de estudo ajuda a construir uma ponte de compreensão, permitindo que pais, educadores e profissionais da saúde compreendam melhor as necessidades comunicativas das crianças no espectro e contribuam para sua integração social e bem-estar emocional.

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