Idosos e o vício em redes sociais: Quando o celular se torna um perigo invisível
A crescente dependência de idosos em relação às redes sociais tem gerado preocupação entre especialistas e famílias. Apesar de inicialmente considerados resistentes à tecnologia, muitos idosos demonstram comportamentos típicos de vício digital. Este cenário, evidenciado por histórias reais e pesquisas recentes, reflete desafios e oportunidades no uso de dispositivos eletrônicos por essa faixa etária.
A nomofobia entre idosos
A nomofobia, ou medo de ficar sem celular, não é uma doença reconhecida, mas um conjunto de sintomas associados ao uso exagerado de dispositivos eletrônicos. Entre os idosos, o impacto pode ser ainda mais acentuado devido a fatores como:
- Isolamento e solidão: Muitos utilizam o celular como única conexão com o mundo exterior, especialmente durante a pandemia de COVID-19.
- Declínio cognitivo: O uso exagerado de celulares pode agravar condições como a demência.
- Transtornos de humor: Depressão e ansiedade frequentemente levam ao uso compulsivo de redes sociais.
A pesquisadora Renata Maria Santos identificou que idosos apresentam ansiedade generalizada de desconexão, desafiando expectativas sobre sua relação com a tecnologia.
Fatores que intensificam o vício
Os dispositivos eletrônicos e as redes sociais oferecem estímulos constantes, ativando o chamado "circuito de recompensa" no cérebro. Essa resposta neurológica, semelhante à observada em dependências químicas, é particularmente problemática para idosos devido a:
- Busca por validação: Sentimentos de exclusão e desejo de aceitação aumentam a vulnerabilidade.
- Falta de letramento digital: A dificuldade em distinguir informações confiáveis pode levar a comportamentos problemáticos, como gastos impulsivos ou crenças em notícias falsas.
Histórias reais
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Casos como o de Maria Aparecida Silva e da mãe de Ester ilustram os efeitos do vício em celulares. Aparecida superou o vício ao buscar atividades como caratê, enquanto Ester e seus irmãos precisaram tomar medidas drásticas, como desligar o Wi-Fi, para controlar a obsessão da mãe.
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Em situações extremas, o vício pode levar a confusões entre realidade e ficção, como no caso de uma idosa que criou namorados fictícios. Esses comportamentos, associados a demências ou transtornos de humor, podem se intensificar com o uso inadequado de dispositivos eletrônicos.
Riscos e consequências
O uso excessivo de celulares pode causar problemas significativos, incluindo:
- Agressividade e hiperssexualização: Sintomas comuns em idosos com declínio cognitivo.
- Queda de potencial cognitivo: Estudos mostram que a proximidade do celular pode reduzir a capacidade cognitiva.
- Maior vulnerabilidade: Idosos se tornam alvos fáceis de golpes e fraudes.
Soluções e recomendações
Para enfrentar esses desafios, especialistas sugerem:
- Familiarização com a tecnologia: Cursos de letramento digital podem capacitar idosos a utilizar dispositivos de forma ética e segura.
- Atividades offline: Incentivar hobbies e interações sociais presenciais ajuda a reduzir a dependência tecnológica.
- Acompanhamento familiar: Estar presente e identificar sinais de uso prejudicial é essencial para a saúde mental e emocional dos idosos.
Embora os celulares possam melhorar a qualidade de vida dos idosos ao promover contato com familiares e entretenimento, o uso excessivo pode resultar em sérios problemas físicos, emocionais e sociais. A solução está em equilibrar os benefícios da tecnologia com práticas conscientes e suporte adequado. Somente assim será possível garantir que os avanços digitais sirvam como aliados, e não como fontes de dependência ou sofrimento.