Leite materno para fisiculturistas: Funciona mesmo? Especialistas alertam sobre riscos

O leite materno, frequentemente chamado de "ouro líquido", é amplamente reconhecido como essencial para o desenvolvimento dos bebês, fornecendo nutrientes e anticorpos vitais. No entanto, nos últimos anos, alguns adultos têm adotado o consumo de leite humano, atribuindo-lhe propriedades de "superalimento". Mas será que há evidências científicas que sustentem esses benefícios? E quais são os riscos envolvidos?
A experiência dos adultos que consomem leite materno
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Jameson Ritenour, um fisiculturista de 39 anos, começou a consumir leite materno após ver um vídeo no YouTube que destacava seus supostos benefícios para o ganho de massa muscular. Ele relatou melhora no desempenho físico, aumento de 5% na massa muscular em oito semanas e maior resistência a doenças.
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Inicialmente, ele consumiu o leite excedente de sua parceira, mas depois passou a comprar online, mesmo sem garantias de segurança.
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Apesar dos relatos positivos, não há estudos científicos robustos que comprovem tais benefícios em adultos.
O que a ciência diz sobre o consumo por adultos?
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Lars Bode, diretor do Instituto do Leite Humano da Universidade da Califórnia, afirma que, embora o leite materno seja rico em proteínas e outros nutrientes, não há evidências conclusivas de que traga vantagens significativas para adultos.
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Riscos à saúde: O leite comprado online pode estar contaminado com patógenos como HIV, hepatite ou bactérias nocivas. Um estudo de 2015 mostrou que 75% das amostras vendidas na internet estavam contaminadas, e 10% eram adulteradas com leite de vaca ou fórmula infantil.
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Meghan Azad, pesquisadora em saúde infantil, ressalta que o leite materno é crucial para bebês prematuros e que seu desvio para adultos pode prejudicar aqueles que mais precisam.
Impacto social e ético
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A venda de leite materno para adultos pode incentivar mães a priorizarem o lucro em vez de doar para bancos de leite, onde ele é destinado a recém-nascidos vulneráveis.
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Jameson argumenta que sua compra não afeta a disponibilidade para bebês, mas especialistas alertam que a prática pode criar um mercado paralelo prejudicial.
Pesquisas futuras e potenciais benefícios medicinais
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Oligossacarídeos do leite humano (HMOs): Essas fibras prebióticas estão sendo estudadas por seu potencial no tratamento de doenças inflamatórias intestinais e na promoção de um microbioma saudável.
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Em um estudo com camundongos, um tipo de HMO reduziu o risco de aterosclerose (entupimento das artérias), sugerindo possíveis aplicações na prevenção de doenças cardiovasculares.
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Apesar do otimismo, os pesquisadores destacam que ainda são necessários mais estudos clínicos em humanos.
Enquanto o leite materno é indiscutivelmente vital para bebês, seu consumo por adultos permanece um tema controverso. Apesar de relatos individuais de benefícios, a falta de evidências científicas sólidas e os riscos de contaminação tornam a prática questionável. Além disso, o uso por adultos pode desviar um recurso essencial de recém-nascidos que dependem dele para sobreviver. No futuro, pesquisas sobre componentes específicos do leite humano podem revelar aplicações medicinais promissoras, mas, por enquanto, a recomendação dos especialistas é clara: o leite materno deve ser prioritariamente destinado aos bebês.