Meditação: O lado obscuro e pouco conhecido
A prática da meditação, originada na Índia e com mais de 1.500 anos de história, atravessou séculos e fronteiras até conquistar popularidade no Ocidente. Conhecida por promover benefícios à saúde mental, como redução de estresse e melhora na concentração, a meditação é amplamente adotada em sociedades modernas onde a vida cotidiana é muitas vezes caótica e estressante. Mas, por trás dos benefícios amplamente divulgados, há um lado menos conhecido e potencialmente problemático que tem ganhado atenção em estudos recentes.
Benefícios e crescimento da prática
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No Ocidente, a meditação é frequentemente vista como um remédio universal para males modernos, como ansiedade e falta de foco. Além disso, é uma prática que pode ser realizada em qualquer lugar e sem custos, o que contribui para seu apelo. A técnica central da meditação consiste em focar a mente e o corpo, buscando um estado de calma e de conexão interna, desligando-se do mundo exterior.
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Esses aspectos fizeram com que a meditação se popularizasse rapidamente, e muitos praticantes relatam ganhos em produtividade, memória e bem-estar geral. Técnicas específicas como o mindfulness (atenção plena) se tornaram tendências, sendo amplamente recomendadas por profissionais de saúde e até mesmo coaches, que promovem essa prática como uma forma de "terapia" para o ritmo acelerado da vida moderna.
Os efeitos adversos da meditação
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Com o aumento do número de praticantes e da visibilidade da meditação, cresceram também as pesquisas científicas sobre seus efeitos. Um estudo realizado em 2022 nos Estados Unidos, com uma amostra de 953 pessoas que praticavam meditação regularmente, revelou que mais de 10% dos participantes relataram efeitos adversos significativos. Esses impactos negativos na vida cotidiana duraram, em alguns casos, pelo menos um mês.
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Os efeitos adversos mais comuns observados incluem sintomas de ansiedade e depressão, além de episódios de dissociação (sensação de desconexão da realidade) e despersonalização (sensação de estar desconectado de si mesmo). Em alguns casos, praticantes sem histórico prévio de transtornos mentais desenvolveram esses sintomas após começarem a meditar. Isso indica que, mesmo para pessoas consideradas saudáveis mentalmente, a prática pode desencadear reações psicológicas desafiadoras, sobretudo quando feita sem orientação profissional.
Um alerta desde os Anos 70
- A discussão sobre os riscos da meditação não é totalmente nova. Em 1976, Arnold Lazarus, um pioneiro no campo da ciência cognitivo-comportamental, advertiu sobre os perigos da meditação realizada sem supervisão. Lazarus destacou que a prática indiscriminada poderia levar a "problemas psiquiátricos graves, como depressão, agitação e até sintomas esquizofrênicos". Seus alertas, no entanto, passaram despercebidos durante muitos anos, em parte devido ao entusiasmo com os potenciais benefícios da meditação.
Mindfulness e o “Espiritualismo Capitalista”
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A prática do mindfulness, uma forma específica de meditação que foca na atenção plena, tornou-se um verdadeiro fenômeno comercial. Nos Estados Unidos, estima-se que o mercado de mindfulness movimenta cerca de 2,2 bilhões de dólares. A popularização desse tipo de meditação gerou críticas de que a prática foi transformada em uma “espiritualidade capitalista”, mais focada em gerar lucro do que em promover a saúde mental genuína.
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Coaches e empresas oferecem cursos, aplicativos e workshops, alguns com preços elevados, e muitas vezes sem a devida transparência sobre os possíveis efeitos adversos da prática. Isso levanta preocupações sobre a falta de regulamentação e sobre a necessidade de profissionais qualificados para orientar pessoas que buscam a meditação como uma forma de melhorar sua qualidade de vida.
A meditação, apesar dos benefícios comprovados, apresenta um lado sombrio que poucos discutem. Quando praticada sem supervisão adequada, ela pode desencadear uma série de efeitos adversos, incluindo sintomas graves de ansiedade, depressão e até dissociação. A prática, sobretudo em sua forma comercializada, demanda atenção e um acompanhamento especializado para evitar riscos à saúde mental dos praticantes. Em um mundo onde o mindfulness se tornou uma indústria lucrativa, é crucial manter o foco no bem-estar dos indivíduos, evitando que a meditação se transforme em mais um produto de consumo rápido, ao invés de um verdadeiro recurso para o autoconhecimento e a paz interior.