4 questões ainda não explicadas sobre as bombas de Hiroshima e Nagasaki - Seria mesmo necessário?
A história dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki é amplamente conhecida, sendo frequentemente associada ao fim da Segunda Guerra Mundial. No entanto, mesmo décadas após esses eventos, algumas questões permanecem sem explicações claras e detalhadas. Vamos explorar quatro aspectos menos comentados, mas igualmente importantes, sobre as explosões nucleares que mudaram o curso da história.
1. O papel crucial da União Soviética na rendição do Japão
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A narrativa comum sugere que os bombardeios de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, e de Nagasaki, em 9 de agosto, foram os eventos decisivos que forçaram a rendição do Japão. De fato, no dia 15 de agosto daquele ano, o Japão declarou sua rendição incondicional, encerrando oficialmente a Segunda Guerra Mundial.
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Porém, o que muitos não sabem é que no dia 8 de agosto de 1945, a União Soviética declarou guerra ao Japão, quebrando um pacto de neutralidade que havia sido assinado em 1941 entre os dois países. Esse pacto era vantajoso para ambos: a União Soviética pôde focar na luta contra a Alemanha nazista, enquanto o Japão dedicava seus esforços militares ao confronto com os Estados Unidos no Pacífico.
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Mas com o fim iminente da guerra na Europa, Stalin decidiu se unir à luta contra o Japão, traindo o acordo. Tropas soviéticas começaram a atacar o exército japonês na Manchúria, uma área sob controle japonês na China, e essa ofensiva pode ter sido o verdadeiro fator que levou à rendição japonesa. Muitos historiadores argumentam que a rápida e eficiente movimentação do exército soviético pressionou o Japão de forma tão contundente que a rendição foi inevitável, independentemente dos bombardeios atômicos.
2. Os bombardeios foram realmente necessários?
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A bomba atômica é amplamente reconhecida como uma das invenções mais devastadoras da humanidade, sendo capaz de causar destruição em larga escala e matanças em massa. Na história tradicional, Hiroshima e Nagasaki são tidas como as principais responsáveis pelo fim da guerra. Contudo, algumas correntes historiográficas afirmam que o Japão já estava em processo de rendição antes de sofrer os ataques nucleares.
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Uma das evidências mais citadas é a existência de uma carta enviada pelo Imperador Hirohito ao líder soviético Joseph Stalin, onde o imperador japonês pedia que a União Soviética atuasse como intermediária em possíveis negociações de paz com os Estados Unidos. Essa carta foi recebida por Stalin antes da Conferência de Potsdam, que ocorreu de 17 de julho a 2 de agosto de 1945.
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Com Hiroshima sendo bombardeada em 6 de agosto, apenas dias depois do término dessa conferência, é possível que o Japão já estivesse pronto para negociar sua rendição antes de ser atingido pelas bombas. Essa teoria sugere que os bombardeios atômicos podem ter sido um uso desnecessário de força, uma demonstração de poder mais voltada para intimidar outras nações do que para encerrar a guerra em si.
3. Os panfletos de aviso não funcionaram como deveriam
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Antes de lançar as bombas, os Estados Unidos tentaram alertar a população civil japonesa sobre o que estava por vir. Eles fizeram isso por meio de panfletos aéreos, jogados de aviões, que avisavam sobre possíveis ataques a cidades do Japão. Esses panfletos continham informações sobre o poder destrutivo dos Estados Unidos e incluíam uma lista de possíveis alvos para os bombardeios, com o objetivo de amedrontar o governo japonês e forçar uma rendição antecipada.
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No entanto, tanto Hiroshima quanto Nagasaki não estavam nas listas das cidades mencionadas nos panfletos, o que gerou confusão entre a população. Além disso, muitos questionam a eficácia desses alertas, já que não há evidências claras de que a evacuação das cidades tenha sido organizada de forma adequada ou que os avisos tenham evitado a catástrofe.
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Pelo contrário, acredita-se que a distribuição desses panfletos pode ter causado ainda mais caos no Japão, com civis e autoridades sem saber exatamente como reagir à iminente destruição. O governo japonês, por sua vez, não se rendeu imediatamente após os avisos, o que leva à pergunta: será que esses panfletos foram de alguma utilidade?
4. Os Estados Unidos estavam preparados para lançar mais bombas
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Um dos pontos mais inquietantes sobre o final da Segunda Guerra Mundial é que, apesar de Hiroshima e Nagasaki terem sofrido ataques devastadores, os Estados Unidos estavam prontos para lançar mais bombas atômicas. Cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan, responsáveis pela criação das primeiras bombas nucleares, inicialmente subestimaram o poder de destruição dessas armas.
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Em um artigo publicado em 1946 no Bulletin of the Atomic Scientists, especialistas da época questionaram se as bombas usadas realmente seriam suficientes para acabar com a capacidade de resistência do Japão. Havia dúvidas sobre se uma ou duas bombas bastariam para quebrar a vontade do povo japonês de lutar.
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Por isso, os Estados Unidos tinham planos para produzir e lançar até sete outras bombas atômicas até o final de outubro de 1945, caso o Japão continuasse a resistir. Felizmente, esses planos nunca foram concretizados, pois o Japão se rendeu logo após os ataques de Hiroshima e Nagasaki. No entanto, essa informação revela que a guerra poderia ter sido ainda mais prolongada e trágica do que já foi.
Embora os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki sejam lembrados como eventos cruciais para o fim da Segunda Guerra Mundial, há muitos detalhes complexos e intrigantes que ainda geram debates. O papel decisivo da União Soviética, as possíveis negociações de paz já em andamento, a ineficácia dos panfletos de aviso e o plano para mais bombardeios mostram que essa parte da história é cheia de nuances. Esses fatos nos fazem refletir sobre a real necessidade e moralidade do uso das bombas atômicas, além das consequências duradouras dessas ações no cenário geopolítico mundial.