A firme defesa dos cientistas pelos livros didáticos em papel
Em um mundo cada vez mais digital, surge um debate acalorado sobre o uso exclusivo de livros didáticos em papel nas salas de aula. Recentemente, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo anunciou a transição para livros didáticos digitais, provocando questionamentos sobre os impactos no desempenho dos alunos e suas habilidades de leitura.
Pesquisas recentes, especialmente os dados do Pisa, revelam um elo intrigante entre a leitura em papel e um melhor desempenho educacional. Alunos que se dedicam à leitura de livros físicos demonstram um aumento significativo nas pontuações de leitura, destacando a importância do papel na promoção da leitura aprofundada e prazerosa. Além disso, a sensação tátil e a imersão na narrativa oferecidas pelo papel parecem estimular a concentração e a compreensão, características essenciais para a análise crítica e a empatia.
Apesar dos benefícios do papel, especialistas pedem uma abordagem mais sutil na discussão. A qualidade dos livros, independentemente do formato, deve ser o foco principal. Ademais, a tecnologia não deve ser completamente descartada; em vez disso, deve ser integrada de maneira criativa para aprimorar a experiência de aprendizado. Livros digitais sensoriais e interativos podem oferecer novas perspectivas e possibilitar o engajamento dos alunos.
"Muitas pessoas me perguntam: 'será que não lemos mais palavras digitalmente do que leríamos em papel?' Eu respondo que provavelmente nós temos contato com mais palavras, mas será que estamos pausando o suficiente para entendê-las e recordar delas? Acho que estamos fazendo isso menos, porque o meio digital está sempre nos forçando a avançar, a sermos mais rápidos, a rolar a página." - Naomi S. Baron, pesquisadora e professora emérita de Linguística da American University, Washington (EUA**)
No entanto, o contexto brasileiro traz desafios únicos. A desigualdade de acesso à tecnologia e à educação ainda é uma realidade preocupante, sugerindo a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre abordagens analógicas e digitais. A educação deve cultivar habilidades digitais enquanto preserva a capacidade de leitura crítica e aprofundada que o papel proporciona. Como a cientista Naomi Baron sugere, a ênfase deve ser na capacidade de focar, refletir e compreender verdadeiramente o texto, independentemente do meio.