Amor platônico: Além da amizade, a verdadeira essência do amor segundo Platão
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O amor platônico é frequentemente interpretado como um relacionamento de forte afeto sem envolvimento sexual. No entanto, essa visão simplificada não reflete sua origem filosófica. O conceito, baseado nas ideias do filósofo grego Platão, vai muito além da ausência de desejo físico, sendo, na verdade, um processo de transformação do amor em algo mais elevado e significativo.
A origem do amor platônico: O que Platão realmente quis dizer?
- O termo "amor platônico" vem do Simpósio, um diálogo escrito por Platão no século IV a.C.
- O Simpósio se passa durante um jantar em Atenas, onde diferentes personagens fazem discursos sobre a natureza do amor.
- Uma das narrativas mais famosas é a de Aristófanes, que conta a história de seres humanos que, originalmente, tinham quatro braços, quatro pernas e dois rostos. Segundo ele, essas criaturas foram divididas ao meio por Zeus, e desde então cada pessoa busca sua “outra metade” para se sentir completa.
- Embora essa explicação seja poética, Platão apresenta outra visão mais profunda: o amor não deve ser apenas uma busca por alguém que nos complete, mas um caminho para o crescimento e o aperfeiçoamento pessoal.
O amor como crescimento e elevação
- No Simpósio, Sócrates apresenta a doutrina de Diotima, uma sacerdotisa que lhe ensinou que o amor não deve se limitar ao desejo físico.
- Segundo essa ideia, o amor começa com a atração pelo corpo, mas deve evoluir para algo mais elevado, como a busca pelo conhecimento, pela beleza e pela verdade.
- O amor verdadeiro não consiste apenas em querer estar com alguém, mas em ajudar essa pessoa a crescer e, ao mesmo tempo, ser inspirado por ela a se tornar uma versão melhor de si mesmo.
- Essa ideia contrasta com a visão de Aristófanes, que foca na busca da "outra metade", pois Platão argumenta que ninguém deve depender de outra pessoa para se sentir completo.
O amor platônico é sem paixão?
- Diferente do que muitos pensam, o amor platônico não significa ausência de paixão, mas sim sua transformação.
- Ele não exclui o desejo, mas sugere que a energia do amor pode ser canalizada para algo maior do que apenas o prazer físico.
- Para Platão, o amor ideal não se limita à satisfação de necessidades emocionais ou sexuais, mas é um caminho para elevar a alma e estimular o desenvolvimento mútuo.
O amor platônico na prática: Como aplicar esse conceito?
1.
O verdadeiro amor platônico acontece quando duas pessoas compartilham valores, ideias e objetivos que as fazem crescer juntas.
2.
Em vez de procurar alguém para preencher um vazio, o amor deve ser uma parceria na qual cada um ajuda o outro a evoluir.
3.
Esse conceito pode ser aplicado tanto em amizades quanto em relacionamentos românticos, desde que haja um vínculo baseado em respeito, aprendizado e inspiração mútua.
O que podemos aprender com Platão?
- O Simpósio não apresenta uma única resposta sobre o amor, mas nos convida a refletir sobre sua verdadeira essência.
- O amor platônico não deve ser visto apenas como um relacionamento sem sexo, mas como uma conexão que vai além do desejo físico e que busca um propósito maior.
- Mais do que encontrar uma "metade perfeita", o verdadeiro amor deve ser uma parceria criativa, onde ambos se ajudam a alcançar seu potencial mais elevado.
- No final, o amor, segundo Platão, não é apenas sobre estar com alguém, mas sobre crescer com essa pessoa.
Essa visão nos faz questionar a forma como enxergamos os relacionamentos e nos desafia a buscar conexões mais significativas e enriquecedoras.