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terça-feira, 10 de setembro de 2024 às 11:04 GMT+0

O PCC e sua relação com a política: Lobby ilegal e influência econômica

O Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções criminosas do Brasil, está no centro de debates sobre sua influência na política brasileira. A obra de Gabriel Feltran, sociólogo e pesquisador especializado em violência e crime organizado, revela que o PCC não tem interesse em se infiltrar diretamente no sistema político, como grupos como o Cartel de Medellín de Pablo Escobar fizeram no passado. Ao invés disso, o objetivo da facção é usar o poder econômico para influenciar decisões políticas e moldar o cenário econômico de setores específicos, principalmente através de lobby ilegal e pressões econômicas.

O que é o PCC?

  • O PCC surgiu em São Paulo na década de 1990, e desde então se tornou a facção criminosa mais poderosa do Brasil, com forte presença no tráfico de drogas, tanto no país quanto no exterior. Sua atuação vai além do controle das prisões, e hoje se estende à economia ilícita e atividades organizadas que envolvem políticos e empresários.

Estratégias do PCC

  • Lobby empresarial ilegal: Diferente de grupos que tentam dominar territórios ou se infiltram diretamente na política, o PCC busca influência através do financiamento de campanhas e acordos com empresários e políticos. O objetivo é conseguir contratos lucrativos, como manutenções para prefeituras ou concessões públicas.

  • Sintonias: O PCC opera com divisões internas chamadas "sintonias", que organizam as atividades da facção de maneira estratégica. Cada sintonia cuida de áreas específicas, como o transporte de drogas ou a logística no Porto de Santos, um ponto-chave para o tráfico internacional.

Modelo de negócio

  • Em vez de operar por extorsão direta, como faz o Comando Vermelho (CV), outra facção importante, o PCC atua como um regulador de mercado. Ele busca controlar setores e negócios estratégicos de forma indireta. Isso permite à organização manter uma fachada de "normalidade" empresarial, ainda que envolvida em atividades ilícitas.

  • Exemplo: A facção compra cocaína em países produtores, como Bolívia e Colômbia, e entrega a preços reduzidos para exportadores em São Paulo. Além disso, o PCC utiliza esse controle econômico para barganhar influência política com empresários e políticos envolvidos nas cadeias de fornecimento e logística.

Relação com a política

  • A principal forma de atuação do PCC na política não é a eleição de seus membros ou aliados diretos, mas o uso do dinheiro e da influência econômica para moldar decisões políticas que beneficiem seus interesses. Segundo Feltran, o PCC tenta se posicionar como um intermediário econômico, semelhante ao que lobbies empresariais fazem em setores legais, mas de maneira completamente ilegal.

Comparação com outras organizações criminosas

PCC (Brasil)

  • Influência indireta via lobby e controle econômico
  • Fomento de negócios ilícitos e apoio a empresários aliados

Comando Vermelho (Brasil)

  • Extorsão em territórios dominados
  • Controle direto de territórios com imposição de taxas

Cartel de Medellín (Colômbia)

  • Infiltração direta na política
  • Eleição de representantes do cartel e violência contra opositores

Entrevista: As milícias e facções querem conquistar a política? | DIRETO DAS ELEIÇÕES com Gabriel Feltran

O estudo sobre o PCC revela uma organização criminosa que evoluiu de um grupo de presidiários para uma máquina econômica poderosa que busca moldar a política através de pressões econômicas, em vez de se infiltrar diretamente. A estratégia de lobby e controle de mercados ilícitos destaca como a facção opera de forma mais sofisticada, representando um desafio crescente para o sistema de governança do Brasil. Esse tipo de influência sutil e eficaz demonstra como o crime organizado se adapta para permanecer relevante em meio a novas realidades econômicas e políticas.

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