Por que o SUS é exemplo na saúde pública global? O projeto dos agentes de saúde que pode revolucionar o NHS no Reino Unido

O sistema de saúde britânico, o NHS (National Health Service), enfrenta desafios significativos, incluindo longas filas de espera e dificuldade de acesso a médicos. Em busca de soluções, o governo do Reino Unido está analisando o modelo brasileiro de agentes comunitários de saúde, parte da Estratégia Saúde da Família (ESF) do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma reportagem do jornal The Telegraph (07/04/2025) destaca como esse projeto, originado nas favelas brasileiras, pode ser adaptado para revitalizar o NHS.
O interesse do Reino Unido no modelo brasileiro
1.
Projeto-piloto em Londres: O governo britânico, liderado pelo Partido Trabalhista, iniciou um teste inspirado no SUS no bairro de Pimlico, com planos de expansão para 25 regiões da Inglaterra.
2.
Cooperação internacional: Representantes do Reino Unido visitaram o Rio de Janeiro para firmar acordos de cooperação em saúde, com foco na prevenção de doenças e atendimento comunitário.
3.
Fonte confiável: O ministro da Saúde britânico, Wes Streeting, destacou a necessidade de reduzir a dependência de hospitais e priorizar a atenção primária, algo que o SUS já faz há décadas.
A estratégia saúde da família e seus agentes comunitários
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Histórico: Implementada nos anos 1990, a ESF é composta por equipes multidisciplinares (médicos, enfermeiros e agentes comunitários) que atuam diretamente nas comunidades, muitas vezes em áreas vulneráveis.
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Atuação dos agentes: Eles visitam domicílios, oferecem educação em saúde, identificam riscos e conectam famílias aos serviços médicos, mesmo sem formação superior em saúde.
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Desafios: O The Telegraph relatou a dedicação desses profissionais, que enfrentam pobreza, violência e sobrecarga de trabalho (alguns atendem centenas de famílias).
Impactos e dúvidas sobre a adaptação no Reino Unido
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Resultados no Brasil: O jornal britânico reconheceu "melhorias drásticas" em indicadores como mortalidade infantil e acesso a cuidados básicos.
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Barreiras culturais: As repórteres questionam se o "senso de comunidade" brasileiro, essencial para o sucesso do programa, seria replicável em um contexto urbano e individualista como o britânico.
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Vozes especializadas: O médico Matthew Harris, pesquisador do Imperial College de Londres e ex-colaborador em Pernambuco, defende que o modelo é "100% inspirado no SUS", mas adaptações serão necessárias.
Um diálogo global em saúde
A possível adoção de elementos do SUS pelo NHS reflete a relevância internacional do sistema brasileiro, mesmo com seus desafios. Enquanto o Reino Unido busca reduzir custos e melhorar a prevenção, o Brasil demonstra que soluções baseadas em comunidade podem transformar vidas. A troca de experiências entre os países destaca a saúde como um direito universal e um campo fértil para inovações — desde que consideradas as diferenças sociais e culturais.