Como o Brics se tornou um ‘Bloco Antiocidental’ e seu impacto no Brasil
O Brics, criado em 2009, nasceu da insatisfação de países em desenvolvimento com o domínio ocidental nas instituições internacionais. Com a proposta de coordenar políticas econômicas e diplomáticas e reduzir a dependência do dólar, o grupo, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, sempre rejeitou ser rotulado como um “bloco anti-Ocidente”. No entanto, a recente polarização política global e a crescente influência de Rússia e China dentro do Brics têm levado analistas a considerar essa perspectiva.
Contexto histórico e atual do Brics
- Fundação e objetivos: O Brics foi criado para atender às demandas de países em desenvolvimento e reformar instituições financeiras globais.
- Cúpula de 2023: Realizada na Rússia, a cúpula serviu como uma plataforma para reforçar a aliança entre seus membros, especialmente em um contexto de crescente isolamento da Rússia devido à guerra na Ucrânia.
Expansão do bloco e diversidade
- Novos membros: Em 2024, países como Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia se juntaram ao Brics, aumentando sua diversidade e complexidade. A Arábia Saudita também foi anunciada como nova membro, mas ainda não oficializou sua adesão.
- Pressões internas e externas: A inclusão de novos membros pode dificultar o consenso dentro do grupo, uma vez que as agendas de seus integrantes são variadas e, em muitos casos, conflitantes.
O 'Viés Antiocidental'
- Polarização global: A atual política internacional, marcada por conflitos como o da Ucrânia e tensões no Oriente Médio, leva à percepção do Brics como um bloco antiocidental, especialmente após a entrada de países alinhados com Moscou e Pequim.
- Papel de potências: A Rússia tem utilizado a cúpula do Brics para demonstrar que ainda possui aliados significativos em um cenário global hostil.
Impactos para o Brasil
- Influência diplomática: A crescente polarização e a tendência antiocidental do Brics podem prejudicar a posição do Brasil, que historicamente busca uma abordagem diplomática equilibrada.
- Conflitos internos: O Brasil já expressou preocupações com a direção do grupo e sua tendência antiocidental, especialmente com a possibilidade de inclusão de países como a Venezuela.
- Flexibilidade e diálogo: Apesar das pressões, Brasil, Índia e África do Sul têm interesse em manter um diálogo aberto com o Ocidente, tentando equilibrar suas alianças.
A transformação do Brics em um suposto “bloco antiocidental” reflete as dinâmicas de um mundo cada vez mais polarizado. Para o Brasil, isso traz desafios significativos, pois o país busca preservar sua autonomia diplomática enquanto navega por uma associação que pode se tornar cada vez mais complexa e divergente. As futuras interações do Brics, especialmente com novos membros e questões geopolíticas, serão cruciais para definir seu papel na ordem mundial.