Análise da PUC-Rio sobre os cigarros eletrônicos : O que realmente está dentro dos "Vapes"?
O uso de cigarros eletrônicos, também conhecidos como vaporizadores (vapes), tem crescido no Brasil, apesar da proibição vigente desde 2009, conforme a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 46 da Anvisa, reforçada pela RDC 855/2024. A venda desses dispositivos é ilegal, mas o consumo continua a aumentar, especialmente entre os jovens, gerando preocupações sobre os potenciais impactos à saúde e os riscos de introdução ao tabagismo tradicional.
Em resposta a essa crescente preocupação, o Laboratório de Química Atmosférica (LQA) da PUC-Rio, em parceria com o Instituto Municipal de Vigilância Sanitária (IVISA-Rio), iniciará a análise da composição de cigarros eletrônicos apreendidos no Rio de Janeiro. Este estudo visa fornecer uma base científica para regulamentações futuras e alertar sobre os perigos desses produtos.
Importâncias e Relevâncias
Impactos na Saúde:
Estudos indicam que os líquidos dos vapes contêm nicotina, glicerina vegetal, propilenoglicol e aromatizantes, substâncias que, embora legalmente comercializadas, podem ter efeitos tóxicos tanto para usuários quanto para aqueles expostos indiretamente ao vapor.
- Testes preliminares em leveduras e células humanas mostraram inibição do crescimento celular e aumento da toxicidade com maiores concentrações de propilenoglicol.
Riscos de contrabando:
- A proibição não impede a circulação desses produtos no Brasil, o que favorece o contrabando, aumentando a exposição da população a cigarros eletrônicos sem controle de qualidade.
Pesquisas em andamento:
- A PUC-Rio já está desenvolvendo metodologias de análise de solventes e outros compostos usados em vapes, mesmo sem ainda possuir as amostras apreendidas.
- Parcerias com especialistas de diversas áreas visam não só avaliar a composição química dos vapes, mas também entender o perfil dos usuários brasileiros.
Composição dos cigarros eletrônicos
Nicotina
- Substância viciante
- Dependência, impacto no sistema cardiovascular
Glicerina vegetal
- Base líquida usada para dissolver a nicotina
- Toxicidade em altas concentrações
Propilenoglicol
- Solvente usado na base do vape
- Aumenta a toxicidade dependendo da concentração
Aromatizante
- Adicionados para melhorar o sabor do vapor
- Efeitos tóxicos desconhecidos, potencial alérgico
Colaboração e pesquisa
- PUC-Rio e IVISA-Rio: Essa parceria entre a universidade e a vigilância sanitária municipal permitirá a análise de produtos apreendidos, oferecendo dados sobre os compostos presentes nos vapes comercializados ilegalmente.
- Estudos Preliminares: O LQA já começou a testar substâncias vendidas legalmente no Brasil, como glicerina vegetal e propilenoglicol, que podem estar sendo usadas na fabricação caseira de líquidos para vapes.
- Perfil dos Usuários: Um questionário está sendo aplicado para identificar o perfil dos consumidores, suas motivações e o impacto social do uso de cigarros eletrônicos no Brasil.
As pesquisas da PUC-Rio, em parceria com órgãos reguladores, são cruciais para o desenvolvimento de políticas públicas mais informadas sobre os cigarros eletrônicos. As descobertas preliminares mostram que os vapes possuem substâncias potencialmente tóxicas, cujo impacto a longo prazo ainda não é totalmente conhecido. Com a análise dos produtos apreendidos, será possível fornecer dados mais precisos à sociedade e às autoridades sobre os verdadeiros riscos à saúde e ao meio ambiente, permitindo decisões mais assertivas sobre a regulamentação ou proibição desse tipo de dispositivo no Brasil.