Sachês de nicotina: Uma alternativa que pode ser ainda mais viciante e perigosa
Os sachês de nicotina, também conhecidos como pouches ou snus, têm sido vendidos como uma opção mais "discreta" e "menos prejudicial" do que os cigarros e vapes. No entanto, especialistas alertam que esses produtos podem ser ainda mais viciantes e perigosos, além de aumentarem o risco de câncer.
Atualmente, os sachês não são regulamentados no Brasil, mas podem ser facilmente comprados pela internet. O crescimento do consumo e a falta de fiscalização preocupam especialistas em saúde pública.
O que são os sachês de nicotina?
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Os sachês de nicotina são pequenas bolsas contendo nicotina sintética ou extraída do tabaco, que variam de 6 mg a 25 mg por sachê. Para efeito de comparação, um cigarro comum tem cerca de 1 mg de nicotina por unidade.
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Diferentemente do cigarro ou do vape, esses sachês não são fumados. Em vez disso, são colocados entre a gengiva e o lábio superior, onde a nicotina é absorvida diretamente pela mucosa oral. Essa forma de consumo permite que a substância chegue rapidamente ao cérebro e à corrente sanguínea, potencializando seus efeitos.
Os principais riscos dos sachês de nicotina
Embora possam parecer menos prejudiciais por não envolverem fumaça, os sachês de nicotina apresentam diversos riscos à saúde, muitos dos quais são ignorados por quem consome o produto.
Alto potencial de vício
- A nicotina atua diretamente no cérebro, causando sensação imediata de prazer e relaxamento.
- Quando o efeito passa, a pessoa pode sentir ansiedade, irritação e necessidade de consumir mais.
- Com o tempo, o cérebro desenvolve tolerância, exigindo doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito.
Risco de câncer
- A nicotina favorece o crescimento de células cancerígenas, tornando o produto perigoso mesmo sem a presença de fumaça.
- Além disso, os sachês contêm substâncias tóxicas e cancerígenas, como níquel, cromo, amônio e formaldeído.
Danos ao coração e sistema circulatório
- O consumo da nicotina aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca.
- Pode causar vasoconstrição, que reduz o fluxo sanguíneo e aumenta o risco de infartos e AVCs.
Problemas bucais graves
- O contato direto da nicotina com a boca pode provocar ressecamento da mucosa, gengivite e cáries.
- O uso contínuo pode levar até mesmo à perda dentária.
Os sachês ajudam a parar de fumar?
Muitas pessoas recorrem aos sachês como alternativa para parar de fumar, mas essa estratégia não é recomendada pelos especialistas.
- Diferente dos adesivos e gomas de nicotina, que fazem parte de tratamentos controlados, os sachês não possuem acompanhamento médico e não seguem protocolos terapêuticos.
- Segundo a consultora da Fundação do Câncer, Milena Maciel:
"Não é porque a nicotina está sendo usada ali, que ela pode ser usada de qualquer jeito. O tratamento correto tem uma dosagem exata e acompanhamento terapêutico."
Ou seja, sem um controle adequado, o usuário pode acabar se tornando ainda mais dependente da nicotina.
A falta de regulamentação e o aumento das vendas
No Brasil, os sachês de nicotina não são regulamentados, mas a venda ocorre livremente pela internet, sem fiscalização.
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Em janeiro, a Vigilância Sanitária do Mato Grosso do Sul apreendeu mais de 2 mil sachês enviados pelos Correios.
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O marketing do produto usa argumentos semelhantes aos dos cigarros eletrônicos, promovendo vantagens enganosas como:
1.
Discrição (podem ser usados em qualquer lugar)
2.
Ausência de fumaça e cheiro forte
3.
Variedade de sabores atrativos
Esse tipo de propaganda atrai principalmente jovens e fumantes que buscam alternativas ao cigarro, mas os riscos envolvidos são enormes.
Os sachês de nicotina, apesar de parecerem inofensivos, são altamente viciantes e podem causar câncer, doenças cardíacas e problemas bucais. Sua venda sem regulamentação no Brasil facilita o acesso sem controle, aumentando os riscos à saúde. Especialistas alertam que esses produtos não ajudam a parar de fumar e podem, na verdade, intensificar a dependência. Diante disso, é essencial reforçar a fiscalização e conscientizar a população sobre seus perigos, evitando que se tornem uma nova crise de saúde pública.