Cotas como ponte para a igualdade e esperança - Reconhecendo a imperfeição, abrindo caminhos
A conquista de um diploma universitário já foi considerada um sonho inalcançável para muitos, especialmente para aqueles provenientes de comunidades menos privilegiadas. No entanto, nos últimos anos, um movimento em prol da equidade tem gerado mudanças significativas. As cotas, embora não isentas de controvérsias, surgiram como um mecanismo para abrir portas outrora fechadas.
Antigamente, a ideia de adquirir um diploma universitário parecia tão distante quanto alcançar a Lua, especialmente para indivíduos de origens étnicas minoritárias, classes sociais menos favorecidas e escolas públicas. Entretanto, a implementação de cotas reverberou uma transformação fundamental. Elas têm se mostrado a chave para permitir que pessoas desses grupos acessem o ensino superior, obtenham um diploma e visualizem um futuro diferente do que a sociedade havia previsto para elas.
Um exemplo notável disso é a presença significativa de estudantes pretos e pardos, hoje compreendendo mais de 50% dos matriculados em instituições federais. Esta mudança é uma correção importante em relação a um passado onde heranças do período escravocrata perpetuaram a exclusão educacional para pessoas negras, enquanto o ensino superior permanecia como um privilégio majoritariamente branco e elitista.
As cotas, embora tardias, representam uma etapa significativa na história do Brasil. Elas buscam mitigar desigualdades históricas, promovendo uma presença mais diversa no ensino superior e, por consequência, em setores sociais, econômicos, políticos e culturais. O objetivo é proporcionar oportunidades mais equitativas e, finalmente, ampliar a representatividade dos grupos marginalizados.
Embora se reconheça que a educação seja um pilar essencial, a realidade é que muitos indivíduos enfrentam barreiras significativas. Estudar em ambientes precários, com falta de recursos, exposição à violência, e responsabilidades familiares podem tornar a jornada acadêmica extremamente desafiadora. Nesse contexto, a implementação das cotas surge como um passo necessário para corrigir décadas de desigualdade sistêmica.
As cotas não são uma solução perfeita, mas são um instrumento importante para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Elas não apenas permitem que indivíduos superem as dificuldades de acesso à educação, mas também proporcionam a base para uma mudança gradual nas estruturas que perpetuam a desigualdade. Por meio desse processo, indivíduos que outrora enfrentavam barreiras intransponíveis agora podem ingressar na universidade, alcançar seus sonhos e contribuir para a construção de um futuro mais inclusivo.
O sambista e mestre Candeia pontua que é preciso seguir cantando um samba na Universidade e, aí então, jamais voltarão ao barracão.
Com a política de cotas, o filho da faxineira virou médico. A filha do porteiro virou advogada. A neta da cozinheira estuda Ciências Sociais. A filha da babá sonha em ser engenheira. E o filho do patrão pode em breve trabalhar na empresa administrada pelo neto do seu antigo motorista