Cuidado com o “café fake” e outros produtos enganosos: Atenção nos rótulos - Dicas para evitar ser enganado
Nos supermercados, é cada vez mais comum encontrar produtos que parecem com os tradicionais, mas, na realidade, são versões modificadas e, muitas vezes, de qualidade inferior. Um dos casos mais polêmicos é o chamado "café fake", um pó vendido como café, mas que contém impurezas e não é 100% puro.
Mas esse não é o único exemplo. Muitos produtos vendidos como queijo, leite, azeite e até iogurte são misturas que podem confundir o consumidor. O problema está na falta de transparência, na semelhança das embalagens com os produtos originais e no impacto na saúde.
Entenda o que está acontecendo e como se proteger.
O que é o “café fake”?
O chamado "cafake" (junção de "café" e "fake") não é um produto oficial, mas uma expressão usada para descrever cafés que contêm impurezas como cascas, paus e outros elementos que não deveriam estar ali.
Principais características do café adulterado:
- Menos café, mais impurezas: pode conter pedaços de madeira, cascas e outros resíduos.
- Preço muito abaixo da média: enquanto um café tradicional custa cerca de
R$ 30
por 500g, o “cafake” pode ser encontrado porR$ 13,99
. - Aroma e sabor diferentes: muitos consumidores relatam que a bebida tem gosto estranho, queimado ou aguado.
- Não possui registro adequado: segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o produto não tem regulamentação e não deveria ser comercializado.
Com a alta dos preços, muitas pessoas acabam optando por essas versões mais baratas, sem perceber que não estão comprando café puro.
Outros produtos que parecem, mas não são
O “cafake” é apenas um exemplo de um problema maior. Outros alimentos também possuem versões similares no mercado que podem confundir os consumidores. Veja alguns exemplos comuns:
- Leite condensado falso: muitos produtos vendidos como leite condensado são, na verdade, misturas lácteas condensadas, que contêm mais soro de leite e amido do que leite puro.
- Creme de leite alterado: versões mais baratas conhecidas como "creme culinário" podem substituir a gordura do leite por gordura vegetal, mudando a textura e o sabor.
- Iogurte modificado: algumas embalagens trazem a palavra "iogurte", mas o produto é uma bebida láctea, que contém menos leite fermentado e mais amido.
- Azeite de oliva misturado: muitos frascos que parecem azeite puro, na verdade, são óleos compostos, que misturam azeite com óleos mais baratos, como soja e canola.
- Queijo parmesão enganoso: o tradicional queijo ralado pode conter mais amido do que queijo, além de aditivos para realçar o sabor.
Esses produtos não são ilegais, mas as embalagens e descrições enganosas fazem com que muitos consumidores acreditem estar comprando a versão original.
Por que esses produtos estão se popularizando?
Existem três motivos principais para a popularização desses produtos similares:
1. Aumento dos preços
Com a inflação dos alimentos, consumidores procuram alternativas mais baratas, sem perceber que a composição do produto é diferente. O café, por exemplo, subiu 39,6% em 2024, enquanto a inflação geral foi de 4,83%, tornando as versões mais baratas uma opção atraente.
2. Estratégias da indústria
Empresas reduzem custos misturando ingredientes mais baratos, como soro de leite, amido e óleos vegetais, sem destacar essa mudança de forma clara para o consumidor. O aproveitamento de subprodutos da indústria alimentícia tornou-se uma prática comum.
3. Falta de fiscalização e transparência
A legislação permite que esses produtos sejam vendidos, desde que a embalagem informe corretamente a composição. No entanto, as informações nem sempre são evidentes, e muitas marcas utilizam rótulos e cores parecidas com os produtos tradicionais para enganar o consumidor desatento.
Como esses produtos podem afetar sua saúde?
Nem todos os produtos similares fazem mal, mas a composição deles costuma ser inferior em qualidade e valor nutricional.
Possíveis riscos do consumo frequente:
- Menos nutrientes essenciais: produtos como queijos e iogurtes alternativos podem ter menos cálcio e proteínas.
- Mais aditivos e conservantes: a substituição de ingredientes naturais por gorduras vegetais, amido e aromatizantes artificiais pode impactar a saúde.
- Maior consumo de alimentos ultraprocessados: estudos mostram que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está ligado a obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares.
Para manter uma alimentação equilibrada, é essencial ler os rótulos e entender a composição dos alimentos antes de comprar.
Como evitar ser enganado?
Para garantir que você está comprando um produto autêntico e de qualidade, siga algumas dicas essenciais:
1. Leia os rótulos com atenção
- Muitas embalagens incluem termos sutis para indicar que o produto não é original. Fique atento a palavras como "composto", "tipo", "mistura", "sabor" e "culinário".
- Além disso, verifique a lista de ingredientes. Se houver muito amido, gordura vegetal ou aditivos artificiais, desconfie.
2. Compare os preços
- Se um produto está muito mais barato que os concorrentes da mesma categoria, pode haver algo errado. O café, por exemplo, tem um custo elevado. Se um pacote de 500g custa metade do preço de um café tradicional, é provável que contenha impurezas.
3. Observe a embalagem
- Muitas marcas imitam a identidade visual de produtos famosos, usando cores, fontes e imagens semelhantes. Compare as informações com a embalagem original antes de comprar.
4. Pesquise a marca
- Verifique se o produto tem registro em órgãos como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
- No caso do café, por exemplo, procure pelo selo de qualidade da Associação Brasileira da
Indústria do Café (Abic).
5. Prefira produtos certificados
- Sempre que possível, escolha produtos com selos de certificação de qualidade. No caso do azeite, por exemplo, o selo de pureza indica que o produto foi analisado e aprovado por especialistas.
Atenção na hora da compra
- A popularização de produtos como o “café fake” mostra como a indústria está explorando a busca por preços mais baixos para oferecer alternativas que parecem idênticas às originais, mas têm qualidade inferior.
- A melhor forma de evitar cair nessas armadilhas é ler os rótulos, entender os ingredientes e ficar atento a embalagens enganosas.
Na dúvida, pesquise, compare e escolha produtos de qualidade. Afinal, nem tudo o que parece ser, realmente é.