Sofrimento psíquico e angústia infantil: Medos, bullying, solidão - 5 sinais de alerta e dicas de como ajudar a criança a superar

A infância é uma fase crucial para o desenvolvimento emocional e psicológico, mas também é um período em que as crianças podem enfrentar diversos sofrimentos psíquicos. Esses sofrimentos, muitas vezes, são difíceis de identificar, já que as crianças ainda estão aprendendo a expressar seus sentimentos. A BBC News Brasil, em uma reportagem escrita por Amanda Mont’Alvão Veloso, aborda cinco dos sofrimentos psíquicos mais comuns na infância e como os adultos podem ajudar. Vamos explorar cada um deles de forma detalhada e didática.
1. Medos de animais, insetos e fantasmas
Os medos são uma parte natural do desenvolvimento infantil, mas podem se tornar problemáticos quando limitam a vida da criança. Por volta dos três anos, as crianças começam a expressar medos de animais, insetos, fantasmas e outros elementos que, para os adultos, podem parecer irreais. Esses medos estão ligados à fantasia inconsciente da criança, que ainda não consegue distinguir completamente a realidade da imaginação.
- Medos excessivos podem impedir a criança de realizar atividades cotidianas, como dormir, brincar ao ar livre ou interagir socialmente.
- Quando esses medos se transformam em fobias, podem causar crises de angústia intensas.
Como ajudar:
- Evite antecipar-se ao medo da criança, como evitar lugares onde o objeto do medo possa estar presente. Isso só reforça a fobia.
- Não minimize o medo da criança dizendo que "não é real". Em vez disso, acolha seus sentimentos e busque ajuda profissional para trabalhar as fantasias inconscientes por trás do medo.
2. Medo da própria morte ou da morte de pessoas queridas
A morte é um tema que desconcerta muitas famílias, mas é natural que as crianças se questionem sobre isso. O medo da morte, na verdade, está mais relacionado ao desamparo que a criança pode sentir ao pensar na perda de um cuidador importante.
- O silêncio sobre o tema pode aumentar a angústia e o sentimento de desamparo na criança.
- Conversar sobre a morte ajuda a criança a elaborar o luto e a compreender melhor o ciclo da vida.
Como ajudar:
- Não evite o assunto. Use palavras simples e honestas para explicar a morte.
- Incentive a criança a expressar seus sentimentos através de brincadeiras, desenhos ou histórias.
3. Vergonha e timidez excessivas
A vergonha e a timidez são expressões de inibições que têm raízes inconscientes. Crianças tímidas podem se sentir expostas em ambientes não familiares e buscar a proteção de alguém próximo, como um irmão ou um dos pais.
- A timidez excessiva pode impedir a criança de participar de atividades importantes, como apresentações escolares ou interações sociais.
- Esses sintomas podem indicar dificuldades emocionais que precisam de atenção.
Como ajudar:
- Ofereça apoio e segurança para que a criança se sinta confortável em explorar novos ambientes.
- Busque acompanhamento profissional se a timidez estiver limitando o desenvolvimento social da criança.
4. Bullying
O bullying é uma forma de opressão que pode causar profundos sofrimentos psíquicos. Ele ocorre quando uma criança ou grupo exerce poder sobre outra através de humilhações, exclusão ou violência.
- O bullying pode levar a sentimentos de exclusão, baixa autoestima e até depressão.
- É um problema que envolve não apenas a criança, mas também a família, a escola e a sociedade.
Como ajudar:
- Os pais devem sempre buscar apoio da escola e de profissionais para lidar com situações de bullying.
- É importante criar espaços de fala para a criança, onde ela se sinta segura para expressar seus sentimentos.
- Trabalhar a empatia e o respeito às diferenças é fundamental para prevenir o bullying.
5. Sentimento de exclusão e solidão
Sentir-se excluído ou solitário é comum na infância, especialmente quando a criança não encontra apoio para lidar com suas angústias e inseguranças. Esses sentimentos podem surgir de situações como mudanças de escola, dificuldades de socialização ou conflitos familiares.
- A solidão pode levar a problemas emocionais mais graves, como ansiedade e depressão.
- É importante identificar se a exclusão é causada por fatores externos (como bullying) ou se está relacionada ao mundo interno da criança.
Como ajudar:
- Ofereça um ambiente seguro e acolhedor para que a criança se sinta à vontade para compartilhar seus sentimentos.
- Evite soluções rápidas, como forçar a criança a socializar. Em vez disso, dê tempo para que ela desenvolva suas habilidades sociais.
- Busque ajuda profissional se a solidão persistir.
Como identificar o sofrimento psíquico na infância
Identificar que uma criança está em sofrimento nem sempre é fácil, mas há sinais que podem ajudar:
1.
Mudanças bruscas de comportamento, como agressividade, tristeza ou isolamento.
2.
Dificuldades em atividades que antes eram prazerosas.
3.
Queixas físicas sem causa aparente, como dores de cabeça ou barriga.
A escuta atenta dos cuidadores é fundamental: Conversar com a criança de forma paciente e carinhosa pode ajudá-la a expressar o que está sentindo. Em casos mais complexos, o acompanhamento profissional é essencial.
"O brincar, com um bom escutador do lado, é transformador" Adela Stoppel de Gueller
Os sofrimentos psíquicos na infância são comuns, mas não devem ser ignorados. Medos, timidez, bullying e sentimentos de exclusão podem afetar profundamente o desenvolvimento emocional e social da criança. A chave para ajudar está na escuta atenta, no acolhimento e, quando necessário, no apoio profissional. Recorrer a um psicólogo ou psicanalista não é um sinal de falha dos cuidadores, mas sim um passo importante para garantir o bem-estar da criança.